A Evolução da Música Católica Popular Brasileira

 

Atualmente é bem comum ver padres que também cantam e tem uma grande legião de fãs e fieis. Mas, nem sempre essa música foi assim tão popular, e nesse artigo vamos falar um pouco sobre a evolução da Música Católica Popular Brasileira. Esse tipo de música começou a se tornar mais popular na década de 60, quando surgiu o Padre Zezinho.

Esse padre trouxe uma ideia nova para a Música Católica Popular Brasileira, que incluía utilizar instrumentos não ortodoxos como bateria e guitarras elétricas. A década de 70 foi marcada pelo espalhamento da Renovação Carismática Católica, que passou a divulgar ainda mais a música.

Já na mudança dos anos 80 para os 90 surgiram muitas bandas, que com um som bem mais pop falavam sobre Deus e as suas mensagens. Alguns exemplos são banda Canção Nova, Cristoatividade, Banda Rosa de Saron entre outras. Em 2009, o “Troféu Louvemos o Senhor – Prêmio Nacional da Música Católica” trouxe a ideia mais concreta de uma maior profissionalização dessa música.

A música popular religiosa e católica começou a conquistar espaço aqui no Brasil na década de 60. Pois não existe nenhuma evidência ou registro de alguma gravação referente a música católica antes dessa época.

No ano de 1963, o primeiro LP de músicas católicas foi lançado pelas “Missionárias de Jesus Crucificado”. Esta irmandade ficava no interior da cidade de São Paulo. E o LP, cujo nome era “Missionárias em LP”, era constituído por músicas compostas pelas irmãs da irmandade, e tinha o próprio selo.

Naquela época, um disco gravado por freiras era uma coisa inaceitável e muito criticado. Mesmo com todas as adversidades e com um mercado restrito à música religiosa, as irmãs foram as primeiras nessa missão.

Devido a boa aceitação do 1º disco, no ano de 1964, foi lançado o LP “Quando Canta o Coração”, cujo o ritmo era parecido com da Jovem Guarda e da MPB da época. A música “Um pouco de perfume”, composta pelas irmãs, faz parte de 2º LP. É, até hoje, um hino relacionado a bondade: “Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas, nas mãos que sabem ser generosas…”

No mesmo ano de 1964, as irmãs são convencidas por David Wayne Smith, ministro da Igreja Presbiteriana dos EUA, que tinha vindo ao Brasil, e estava instalado no convento das irmãs, a gravarem um disco com as suas músicas cantadas em inglês, e com o ministro americano participando das gravações. Elas lançaram o disco “When the Heart Sings” nos EUA e no Brasil.

No ano de 1965, é lançado o LP “Felicidade chegou” e, depois de mais de 12 anos, foi lançado o último disco com o nome “Alegrai-vos no Senhor”, pela gravadora Sono-Viso, para comemorar os 50 anos de existência da irmandade aqui no Brasil.

Os discos das irmãs foram todos marcados por mensagens de otimismo, caridade e paz, tudo isso com muita animação e alegria, que eram por suas músicas.

No ano de 1965, em um estúdio na cidade de São Paulo, alugado pelas Edições Paulina, foram gravados discos compactos, homenageando os pais no seu dia, e as mães no dia delas. A cantora e compositora dentre as irmãs, era a irmã Wilma Camargo, e os arranjos também era ela quem fazia.

No ano de 1967, um ano depois de ser ordenado no Estados Unidos, no ano de 1966, padre Zezinho, inova totalmente o jeito de celebrar uma missa, atraindo muita gente, principalmente os mais jovens, usando instrumentos musicais elétricos e compondo músicas maravilhosas. Algo bom estava acontecendo naquela Paróquia de São Judas Tadeu, da capital paulista. Seus primeiros LPs foram gravados pela “Congregação do Sagrado Coração de Jesus”. Os discos foram encomendados pela RCA Victor.

Padre Zezinho

Padre Zezinho

No ano de 1968, o padre Irala do Paraguai, gravou o seu 1º disco, pela gravadora Edições Paulinas “Juventude e Alegria”, e o compacto “Irala Canta”, o qual tinha a famosa canção “Oração de São Francisco”.

Do ano de 1970 em diante, as músicas, que eram feitas com o intuito de promover as “Campanhas da Fraternidade”, da CNBB, tinham suas composições e gravações feitas em compactos.

Padre Zezinho

No ano de 1970, o Padre Zezinho gravou “Canção da Amizade”, seu 1º compacto, pela gravadora Edições Paulinas. Porém, antes de ser lançado, Padre Zezinho compôs um duplo compacto para o padre paraguaio Irala, intitulado “Transpondo Fronteiras”.

A partir daí, padre Zezinho tornou-se o cantor de maior prestígio da música católica e da editora, fazendo o lançamento de vários compactos, LPs com mensagens direcionadas aos jovens e dezenas de livros.

No ano de 1972, padre Zezinho faz o lançamento de seu primeiro disco composto por doze músicas “Estou Pensando em Deus”. Curiosamente, este disco não possuía título e nem o nome de quem era o autor. Na capa, só aparecia uma foto de um padre, cuja mente emitia ondas em todas as direções.

Padre Zezinho escreveu mais de 90 livros, possui quase duzentos LPs catalogados, projetou várias bandas. Influenciou e até hoje influência a maioria dos cantores católicos ou protestantes que apareceram após ele. Os CDs de padre Zezinho são gravados até pelas Edições Paulinas.

Liberdade Para Buscas Outras Gravadoras e Editoras

No entanto, em quase 5 décadas houve algumas exceções nas quais o padre fez suas gravações em outras gravadoras, ou mesmo em outras editoras. Raramente quando as Paulinas rejeitavam seu trabalho, o padre tinha total liberdade para procurar outras formas de fazer isso. Foi o que aconteceu na década de 70 quando fez a gravação de alguns LPs pela gravadora Sono-Viso, no Estado do Rio de Janeiro. E pela gravadora Procade, em meados dos anos 2000. O padre também já fez publicações de livros através das editoras, Santuário, Paulus, Loyola.

No ano de 1971, um compacto com o nome de “Missa da Amizade” foi gravado pela irmã Miria Therezinha Kolling ICM, na gravadora Edições Paulinas. Um fato curioso é que, mesmo compondo as letras e também as músicas, a Irmã Miria Therezinha Kolling não cantou nenhuma das músicas de seus discos.

Dezenas de compactos foram compostos por Míria Therezinha, esses compactos eram direcionados aos missionários de “O Domingo”. A irmã fez gravações pela gravadora Sono-Viso, e a Editora Paulus é a sua atual gravadora.

Silvio Brito e Outros

No ano de 1972, surge Silvio Brito com o compacto “Mito Prazer, Jesus Cristo” revelado por padre Zezinho. Na contracapa do compacto havia uma escrita pelo padre: “Achei que um jovem que domina 10 instrumentos, compõe, e procura viver o que anda cantando devia receber um púlpito. Trouxe-o para vocês”.

No ano de 1975 Cid Moreira, lança o compacto “Desiderata”, pela gravadora Som Livre e no ano de 1977 lança seu 1º disco “Oração da Minha vida” pela gravadora Edições Paulinas.

Silvio Brito

Silvio Brito

No ano de 1976 aparece o padre Jonas Abib e lança o disco “Canções Latino Americanas para orar no espírito Santo”. Já no ano de 1977, ele grava o LP solo “O amor vencerá”. Os dois gravaram Edições Paulinas. Depois Jonas Abib, passou a se dedicar ao projeto “Canção Nova” que, atualmente, é uma enorme rede de TV e de Rádio.

Em 1976, foi a vez de Reynaldo Cominato com o disco “Bom dia, Meu Amigo”. No ano de 1983. Astúlio Nunes Lança a 1ª versão de “Senhor fazei de Mim Um Instrumento de Vossa Paz”.

Em meados dos anos 82 e 83, os LPs “A Esperança tem voz” e “Tempos de Paz” são gravados pelo padre Antônio Maria. No ano de 1984, foi lançado o disco “Louvemos o Senhor”, um grande sucesso.

No ano de 1990, o disco “Sol Nascente, Sol Poente” de Padre Zezinho, com a música “Oração pela Família”, que teve quase um milhão e meio de cópias vendidas.

No ano de 1995, o grupo musical Rosa de Saron fez o lançamento de seu 1º disco, “Diante da Cruz”. A banda surgiu no ano de 1988. Em 1995, a banda Cantores de Deus é criada pelo padre Zezinho, banda que participava praticamente em todos os CDs do padre. No entanto, foi só no ano de 1998 que a banda “Cantores de Deus lançou o seu 1º CD, intitulado “Em verso e em canção”. CD que foi todo produzido pelo padre Zezinho.

Ele fez tanto sucesso, que o grupo fez uma gravação em espanhol. No ano de 1997, Fabio de Melo, ex-pupilo de Padre Zezinho lança, pelas Edições Paulinas, o seu 1º CD.

No final da década de 90, uma igreja sediada em são Paulo começou a atrair olhares da mídia, por causa da quantidade de fiéis que eram atraídos para assistir uma missa celebrada pelo Padre Marcelo Rossi, que animava suas celebrações com várias músicas e coreografias. Um fato curioso é que o padre Marcelo Rossi não canta e nem faz composições.

O padre se tornou um fenômeno de uma hora pra outra. Em um espaço curto de tempo, as músicas da sua banda tocavam em todas as emissoras de rádio e TV. As estruturas das igrejas se tornaram pequenas diante de tanta gente que vinha de todas as partes do brasil para assistir as suas celebrações.

Devido à grande exposição, começaram a surgir alguns problemas vindos da própria igreja católica, e também por alguns evangélicos que se sentiam incomodados por ele fazer uso de suas canções. Esses acontecimentos fizeram o padre dar uma pausa em suas apresentações.

Mesmo diante de inúmeras polêmicas, o CD “Músicas para louvar o Senhor” do ano de 1998, superou os três milhões em cópias vendidas. É claro que muitos outros surgiram a partir desta data, essa é só uma parte da história.

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Comentários

  • A música católica passou por uma grande transformação com o nascimento da banda Cristoatividade, a primeira banda gravar ROCK na Igreja.O início do rock católico passa pela Renovação Carismática.
    Em maio de 1990, na época Eraldo Mattos, diretor da recém criada gravadora, Codimuc, toma os primeiros passos na formação do rock católico, criando a banda Cristoatividade. Depois sim vieram outros lançamentos…Rosa de Saron, Yahewh, Eterna, Taus…

    Adilson Sabará 9 de outubro de 2020 21:06 Responder

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