Mangue Beat: Movimento Musical De Recife

O gênero Mangue Beat pode ser grafado também como Manguebeat e manguebit. Trata-se de um movimento de contracultura que surgiu no Brasil na década de 90 em Recife. Basicamente se trata de uma mistura de ritmos regionais como o maracatu com outros tipos de música como o rock, música eletrônica, funk, hip hop entre outros.

Mangue Beat: Movimento Musical De Recife

As Críticas Do Mangue Beat

As principais críticas feitas por esse movimento se referem ao abandono econômico-social do mangue, a desigualdade existente em Recife, mas não somente desta como em todo o Brasil. Podemos dizer que o Mangue Beat surgiu na década de 70 através do trabalho do guitarrista Robertinho de Recife.

Dentre os trabalhos desse artista que se destacam como mangue beat podemos citar os álbuns “Jardim da Infância” (1977), “Robertinho no Passo” (1978) e “E Agora pra Vocês… Suingues Tropicais” (1979).

Apesar disso o grande ícone desse estilo musical é Chico Science, o vocalista da banda Nação Zumbi e que já é falecido. Science se destaca na história desse movimento como sendo um idealizador do rótulo mangue e também é principal divulgador das suas ideias, contestações do Mangue Beat e ritmos.

Outro nome que tem grande importância na história do Mangue Beat é Fred 04, o vocalista da banda Mundo Livre S/A e também o autor do primeiro manifesto do Mangue de 1992 e que tem como título “Caranguejos com cérebro”.

O Objetivo Do Movimento

O objetivo do movimento surgiu a partir de uma metáfora idealizada por Zero Quatro que trabalhava com vídeos ecológicos. Basicamente como o ecossistema mangue é a chave na biodiversidade global o movimento deveria forma uma cena musical que fosse rica e diversificada assim como são os manguezais.

O Objetivo Do Movimento

Exatamente pelos fato de a principal bandeira do Mangue Beat ser a diversidade a sua música foi feita com base na agitação e conseguiu se juntar com outras formas de expressão como a moda, o cinema e as artes plásticas.

O Mangue Beat foi a influência para diversas bandas de Pernambuco e do Brasil, um dos principais motivos para Recife voltar a se destacar como centro musical e permanecer com esse títulos até os dias hoje. Como surgiram muitas bandas no Recife grandes gravadoras como Sony, Virgin entre outras passaram a contratar esses artistas.

As bandas que são mais conhecidas do movimento do Mangue Beat são Chico Science & Nação Zumbi, Faces do Subúrbio, Eddie, Via Sat, Mundo Livre S/A, Sheik Tosado, Mestre Ambrósio, Jorge Cabeleira e Querosene Jacaré.

O Mangue Na Mídia

O Mangue Beat foi bastante divulgado através do trabalho de Chico Science e da banda Mundo Livre. A batida do mangue chegou ao Sudeste e depois de ser estrela de algumas matérias empolgadas de jornais e televisão se tornou uma aposta de grandes gravadoras. A novidade que vinha de uma cidade nordestina tinha potencial para conquistar o país todo.

Nesse momento Recife tinha como última grande revelação musical Alceu Valença, com mais de 20 de estrada já trilhados. Foi então que a Sony contratou Chico e a banda Nação Zumbi. Já o selo Banguela Discos (dos Titãs) contratou a banda Mundo Livre.

O ano de 1993 foi bastante interessante para a música, pois foi nele que houve o lançamento respectivamente do disco Da Lama ao Caos e Samba Esquema Noise. As músicas que mais se destacaram no disco da Nação Zumbi foram A Cidade e A Praieira. Essas músicas eram diferentes de tudo produzido até então porque tinham ótimas fusões de rap com maracatu.

Podemos dizer que a Nação Zumbi conquistou um reconhecimento do público maior que a Mundo S/A, mesmo a qualidade dos dois discos sendo semelhante. Os críticos musicais receberam bem os discos de mangue beat.

A Influência Do Mangue Beat

Seguindo esse caminho de sucesso de bandas de Recife surgiram no mercado outras bandas que faziam uma mistura interessante do pop com música regional. Podemos citar Dia em Que Seremos Todos Inúteis, Jorge Cabeleira, Sheik Tosado, Cascabulho entrte outros.

Surgiram algumas outras bandas de Recife, mas com uma veia mais roqueira como, por exemplo, Devotos do Ódio, Querosene Jacaré e Eddie além de algumas afiliadas ao rap como Faces do Subúrbio e Sistema X.

Abril Pro Rock

O festival Abril Pro Rock é um festival anual que antigamente era destinado apenas para bandas e músicos da cena de Recife. Aos poucos o festival foi abrindo espaço para bandas de outros lugares do Brasil e se tornou um dos principais eventos da nova música pop do país.

Em paralelo a cena do Mangue Beat Recife também viu o cinema ganhar um bom fôlego. Uma das produções de mais destaque foi o longa Baile Perfumado, dos diretores Paulo Caldas e Lírio Ferreira que teve a sua trilha sonora feira por Chico e o Nação, Fred 04, Mestre Ambrósio entre outros artistas.

Os Caranguejos Chegam à Europa

O destaque da música de Recife se tornou absoluto na década de 90 e no ano de 1995 Chico Science & Nação Zumbi realizaram uma turnê muito bem sucedida na Europa ao lado da banda Paralamas do Sucesso. Em alguns shows dessa turnê a Nação Zumbi foi o grande destaque.

O ano seguinte, 1996, foi o de consagração para a Nação Zumbi que lançou a sua obra-prima Afrociberdelia. Nesse trabalho o maracatu da banda ficou mais eletrônico e internacional. Nesse disco eles contaram com a participação especial de alguns artistas como Gilberto Gil que emprestou a sua voz para a canção Macô.

O primeiro sucesso desse disco foi a música “Maracatu Atômico” que fazia outra ligação com a geração anterior da MPB. No dia 2 de fevereiro de 1997 Chico faleceu num acidente de carro em Recife e deixou toda a uma geração de mangueboys e manguegirls órfã.

As Principais Músicas

Confira abaixo algumas das músicas mais importantes do Mangue Beat

Computadores Fazem Arte – Chico Science & Nação Zumbi

Punk Rock Hardcore Lá no Alto Zé do Pinho – Devotos do Ódio

A Cidade – Chico Science & Nação Zumbi

Macô – Chico Science & Nação Zumbi

Maracatu Atômico – Chico Science & Nação Zumbi

Quem Tem Bit Tem Tudo – Mundo Livre S/A

Livre Iniciativa – Mundo Livre S/A

Se Zé Limeira Sambasse Maracatu – Mestre Ambrósio

Rios, Pontes e Overdrives – Chico Science & Nação Zumbi