Alceu Paiva Valença nasceu no dia primeiro de julho de mil novecentos e quarenta e seis, no município São Bento da Una, no estado de Pernambuco. Ele é um cantor e compositor brasileiro de grande renome, e também formado em advogacia.
Biografia
Alceu passou sua infância nos limites do agreste com o sertão, lá conviveu com uma cultura nordestina muito forte. Sua primeira influência musical foram os cantores de feira, ele tinha contato com instrumentos como o baião, os xotes, as sanfonas, poetas de cordel, artistas de circo, e muito mais estava no seu convívio. Em sua casa seu avó que era poeta e violeiro também lhe trouxe grande inspiração, pois esse fazia rodas e música e poesia no local onde moravam. Desde muito jovem então, Alceu já tinha em si uma cultura muito bonita e importante, ele escutava cantores como Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro.
Quando completou dez anos, sua família decidiu mudar-se para Recife, lá surgiu para ele uma nova cultura, a cultura urbana da grande capital. Lá conheceu manifestações diferentes, como blocos de frevo, grupos de ciranda e de maracatu, tudo novo para ele. Nessa nova vida, conviveu com pessoas importantes da época, como o notório Nelson Ferreira, e os poetas Carlos Penna Filho e também Ascenso Ferreira, pessoas conhecidas de seu pai. Alceu desenvolveu-se como adolescente focado na poesia, fora um jovem muito esforçado e inteligente, se interessava por questões politicas e sociais. Com tanta influência musical, claramente ele adquiriu gosto pela música, ganhando seu primeiro violão de sua mãe.
Para os estudos escolheu a faculdade de direito, e durante seus estudos, acabou se inscrevendo em um concurso para estudos de três meses na Universidade de Havard, mesmo sem falar inglês, elaborou um texto tão bom que passou no concurso, e se viu em outro país. Lá ele não somente assistiu palestras e estudou, fez amizades com pessoas ativistas da época, muito interessado pelas questões politicas, acabou até por ir em reuniões do grupo “Panteras Negras”. No país começou a tocar suas músicas nas ruas, e acabou se enturmando com um grupo hippie, onde passava seus dias. Lá, saiu até em uma matéria de um jornal que dizia, “Alceu Valença, o Bob Dylan brasileiro”, que elogiava o repertório e o estilo musical do cantor.
Voltou ao país e terminou seus estudos em direito, porém tinha mesmo vontade de investir na música. Decidiu então ir para o Rio de Janeiro, em mil novecentos e setenta e um, onde era o maior foco da música e ascensão. Começou por participar em festivais universitários, tentando até participar de um programa da TV tupi, sem sucesso, pois a orquestra do programa não conseguiu tocar o arranjo de sua música. Dois anos após estar no Rio de Janeiro, tocou ao lado de Jackson do Pandeiro e Geraldo Azevedo no festival Internacional da Canção, onde cantou “Papagaio do Futuro”, ele foi desclassificado mas ganhou alguns fãs em sua apresentação.
Seu primeiro LP foi lançado em parceria com Geraldo Azevedo, chamado de “Quadrafônico”, foi lançado em mil novecentos e setenta e dois. Esse LP carrega a música Talismã, um grande sucesso do cantor, em sua composição original a letra dizia “Joana, me dê um talismã / Você já pensou em mais eu viajar?”, fazendo uma alusão clara a marijuana (maconha), como é uma droga proibida no Brasil, Geraldo não gostou da música e pediu uma mudança, a qual ele mudou Joana por Diana. O LP conseguiu chamar a atenção de um produtor, que chamou Alceu para fazer parte de um filme, uma forma de cordel cinematográfico, chamado “A noite do Espantalho”, no ano de mil novecentos e noventa e quatro, no mesmo ano lançou “Molhado de Suor” pela gravadora Som Livre. Mas pode-se dizer que foi com sua participação no Festival de Abertura, promovido pela TV Globo, que ele conquistou sucesso no país, a sua apresentação, diferenciada e com ritmo incomum, unindo a música de sertão, com guitarras. Após isso, gravou o álbum “Vivo!”, em mil novecentos e setenta e seis, que fez um grande sucesso, reunindo canções em um ritmo próprio e com letras fortes. O próximo lançamento foi “Espelho Cristalino”, no ano seguinte.
Alceu vai passar uma temporada na França, em Paris, lá grava o CD “Saudades de Pernambuco”, onde ele misturou o Alceu polêmico dos discos anteriores, com um agora de certa forma repaginado, misturando a música pop com a canção nordestina, o estilo que o tornou um artista tão consagrado no país e no mundo. Voltou ao Brasil em mil novecentos e oitenta, com “Coração Bobo” escrito, pedindo a Jackson do Pandeiro apresentar a música em um festival, a apresentação chamou a atenção de todos, inclusive de um chamado Mazola, que o convidou para gravar um novo disco. Foi com “Coração Bobo” que alcançou o sucesso verdadeiramente no país, o álbum foi um estouro, com diversas canções de grande importância para sua carreira. Nesse mesmo ano foi chamado para participar de um programa da TV Globo, “Arca do Noé”, que fez ele ter também o conhecimento do publico infanto-juvenil, onde interpretou “A foca”, de Vinicius de Moraes.
Em sua melhor fase, lançou “Cinco Sentidos” em mil novecentos e oitenta e um, e “Cavalo de Pau” em mil novecentos e oitenta e dois, que traz a canção “tropicana”, que está entre as maiores músicas do cantor. Passou a fazer apresentações maiores por todo o país, participou do Festival de Montreux. No ano de mil novecentos e oitenta e três lançou o LP “Anjo Avesso”, que traz a música “Anunciação”, talvez o maior sucesso de sua carreira. Além de se preocupar com a sua carreira, ele ainda era muito antenado na politica, foi um grande incentivador das “Diretas Já” rodando o país em campanha.
Em mil novecentos e oitenta e cinco, troca de gravadora e lança “Estação da Luz”, nesse mesmo ano faz uma participação no Rock In Rio I, nessa nova gravadora Alceu tem mais presença em sua palavra, e não cede as vontades de seu produtores, se mantendo fiel a sua personalidade. Na década de oitenta ainda lança os discos “Rubi” , mil novecentos e oitenta e seis, “Leque Moleque”, mil novecentos e oitenta e sete, e “Oropa, França e Bahia”, mil novecentos e oitenta e oito.
Nos anos noventa lançou “Andar, Andar”, no ano seguinte lançou “Sete Desejos”, que carrega grandes sucessos do cantor como “La Belle de Jour”. Em mil novecentos e noventa e um se apresenta novamente no Rock In RIo, onde seu show foi considerado o melhor da noite. O próximo álbum lançado por ele tem grande influência de Olinda, local que ele escolheu se mudar, é o álbum “Maracatus, Batuques e Ladeiras” lançado em mil novecentos e noventa e quatro. Em mil novecentos e noventa e seis lança “O Grande Encontro”, juntamente de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho, que foi gravado em um show sucesso de bilheteria na época. Em “Sol e Chuva”, de mil novecentos e noventa e sete, ele se voltou para o público jovem, em “Forró de Todos os Tempos”, no ano seguinte, volta-se para o público universitário. No ano de mil novecentos e noventa e nove lança “Todos os Cantos”.
Alceu perdeu o pai em dois mil, a sua visita a sua antiga casa para o funeral o fez voltar as suas origens, e ele escreveu um cordel que mais tarde se tornaria um filme, chamado “A luneta do tempo”. Sua carreira musical continua com os discos “Forró Lunar” lançado em dois mil e um, “De Janeiro a Janeiro, lançado em dois mil e dois, “A vivo em todos os sentidos” lançado em dois mil e três, “Marco Zero, lançado em dois mil e sete, “Ciranda Mourisca”, lançado em dois mil e nove e “Amigo da Arte” lançado em dois mil e quatorze.
O artista é um grande nome da música brasileira, um ser humano notável por sua capacidade de escrever tão belas e fortes letras, com críticas pontuadas e ritmos marcantes.