Qual o Ritmo Mais Antigo do Brasil?

A música brasileira conta com uma miscelânea de influências e inspirações que chegaram por aqui através dos povos africanos escravizados e dos colonizadores europeus. Embora os ritmos agitados e instrumentos rústicos africanos tenham se difundido com mais efetividade no Brasil também houve importantes contribuições europeias para a formação de estilos musicais nacionais.

Esse encontro de vários povos distintos se converteu numa cultura popular bastante rica e diversa, se por um lado é criativamente improvisada com os poucos recursos dos escravos por outro é erudita e de salão de dança. A partir da abolição da escravatura em 1888 se oficializou a possibilidade da mistura cultural entre povos vindos de diferentes continentes, algo crucial para a identidade musical brasileira que possuímos. Que tal descobrir qual é o ritmo mais antigo do nosso país e qual a trajetória musical do Brasil?

Maxixe: O Ritmo Mais Antigo do Brasil

O maxixe foi o primeiro ritmo originalmente brasileiro e curiosamente se trata de uma mistura do “lundu” (palavra que significa umbigada, a dança se assemelha ao samba, mas tem mais sensualidade e era praticada em rodas de escravos) e a “modinha” portuguesa (tocada na viola esse tipo de música é mais suave e quase sempre trata de temas românticos).

O ritmo musical que se tornou conhecido como o tango brasileiro é uma dança de salão que fez muito sucesso no fim do século 19 e começo do século 20. O estilo foi criado no Rio de Janeiro na mesma época em que o tango ganhava espaço na Argentina e Uruguai. O maxixe foi o ritmo dançante mais importante do país até a criação do samba.

Por Que Maxixe?

Há três possíveis explicações para o nome do estilo, a primeira é a de que se assemelha bastante a um estilo musical de Moçambique sendo Maxixe o nome de uma cidade do país africano. A segunda possível origem do nome está ligada a uma pessoa de nome ‘Maxixe’ que teria dançado o lundu de forma diferente pela primeira vez criando assim a dança do gênero. Por fim pode ser uma referência a planta maxixe que assim como o gênero musical estava nos quatro cantos da cidade do Rio de Janeiro.

Choro

Choro

Choro

A música brasileira foi ganhando uma forma muito própria a partir dessa combinação do lundu e modinha portuguesa que deu origem ao maxixe. Em meados de 1880, contudo, um novo ritmo dava seus primeiros passos nos subúrbios do Rio de Janeiro, o Choro. Basicamente era uma forma com mais charme e mais drama de tocar as canções populares da Europa.

Inicialmente, o Choro, foi desenhado como uma forma musical e não um gênero. Os músicos brasileiros tinham o desejo de tocar as obras dos músicos eruditos estrangeiros da época, mas da sua forma. Essa busca por um jeito próprio de tocar foi criando as características principais do Choro.

Músicos como flautistas, violinistas e cavaquistas faziam reuniões em que tocavam como verdadeiras orquestras portáteis. Um dos nomes mais relevantes do Choro foi o do flautista Joaquim Antônio da Silva Calado que era conhecido somente como Calado. Os primeiros registros de gravações musicais remontam ao começo de 1900 e deram o impulso necessário para a música se tornar um negócio lucrativo de entretenimento.

Música Sertaneja

No começo do século passado a alta sociedade costumava se reunir em estabelecimentos como confeitarias de alto padrão para apreciar apresentações musicais dos principais nomes do cenário musical brasileiro. Havia em paralelo, nas décadas de 10 e 20, um movimento musical que ganhava força longe dos grandes centros urbanos, os primórdios do que hoje conhecemos como música sertaneja.

Uma das primeiras composições – desse gênero musical que viria a se tornar um dos mais relevantes do Brasil – que podemos citar é “Luar do Sertão” de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco. Claro que essa música sertaneja, era bem diferente do que conhecemos hoje em dia.

Samba

No fim do século 18 os europeus trouxeram para o Brasil o conceito de entrudo, o que hoje chamamos de carnaval. Os membros das classes média e alta faziam sua festa em belos salões nos mesmos moldes das festas carnavalescas de Paris com direito a pomposos bailes de máscaras. Já os mais pobres organizavam seus festejos nas ruas criando “cordões carnavalescos” e fazendo marchas pelas ruas, o que deu origem ao samba.

O samba daquela época consistia basicamente em marchinhas de carnaval e era chamado de “marcha rancho”. Eram utilizados instrumentos de sopro para tocar essa música. Em decorrência da abolição da escravatura muitos negros migraram da Bahia para o Rio de Janeiro algo que foi essencial para a criação do samba tal qual conhecemos atualmente.

Por volta de 1910 o músico e compositor Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga gravou a música “Pelo Telefone” que entrou para a história como o primeiro samba gravado. Na década de 1930 o samba alcançou seu auge no Brasil em especial pelo crescimento rádio que vivia sua época de ouro.

O Rádio

No fim dos anos 1920 houve um grande crescimento da gravação elétrica e do rádio de forma que ser música se tornou uma profissão. Grandes rádios contavam com orquestras que tocavam ao vivo durante a apresentação dos programas e também eram realizadas apresentações teatrais com a presença de plateia.

Foi um período em que surgiram muitos ídolos do rádio, eram realizados concursos para eleger as cantoras mais charmosas e com as melhores vozes do país. O rádio além de ser uma fonte de entretenimento também era o principal veículo de comunicação utilizado no Brasil. Nessa época surgiram nomes como Carmem Miranda, Pixinguinha e Ary Barroso.

Bossa Nova

Bossa Nova

Bossa Nova

Na década de 1950 a televisão foi ganhando espaço na casa das famílias brasileiras mais abastadas e em paralelo o movimento musical da Bossa Nova foi ganhando força com nomes como Elizeth Cardoso e seu LP “Canção do Amor Demais”, Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto.

O estilo se diferenciava de tudo que havia sido produzido até então assumindo uma forma mais apreciativa que se concentrava em falar da beleza. Havia uma maior preocupação com a associação de palavras e sonoridades variadas. Não demorou para que esse gênero se tornasse um símbolo da música brasileira como um todo.

Jovem Guarda

Enquanto a Bossa Nova dominava o cenário musical brasileiro no exterior crescia a popularidade do rock dos Beatles e Elvis Presley. O estilo importado acabou ganhando espaço entre os mais jovens e um canal de televisão criou um programa chamado “Jovem Guarda” que acabou se tornando uma verdadeira febre. Tornou-se comum ver pessoas nas ruas vestidas como os seus ídolos do programa, nomes como Wanderléa, Roberto Carlos, Nalva Aguiar entre outros ganharam grande projeção.

MPB (Música Popular Brasileira)

Nas décadas de 1960 e 1970 se tornou comum que os canais de televisão realizassem festivais musicais para revelar talentos da música brasileira para o grande público. Isso foi fundamental para o início da consolidação da MPB tanto como um movimento de cultura como uma forma de protesto contra a ditatura militar. No decorrer do tempo artistas como Maria Bethânia, Caetano Veloso, Elis Regina, Gilberto Gil e Gal Costa começaram a despontar no cenário musical.

Tropicália e Iê-Iê-Iê

Esses dois movimentos ganharam espaço depois da MPB, o movimento tropicalista tinha como principais nomes Gilberto Gil e Caetano Veloso e se caracterizava por fazer uma mistura entre elementos da cultura pop. O Iê-Iê-Iê tinha como principal inspiração o rock feito no exterior com um aspecto mais suave focando no romance. A abordagem das letras era mais inocente e os artistas que mais se destacaram foram Roberto Carlos, Tim Maia, Erasmo Carlos, Wanderley Cardoso e conjuntos como Golden Boys e Renato e Seus Blue Caps.

A Partir dos Anos 80

A década de 1980 marcou o nascimento da vertente BRock que nada mais é do que um rock mais brasileiro com bandas como Titãs, Blitz, Legião Urbana entre outras. No fim dos anos 1980 gêneros como o pagode, o axé e o sertenejo ganharam força nas rádios e na televisão.

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